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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O Iluminismo e a pós-modernidade


Virou lugar comum após meados do século XX, devido aos estudos de Max Horkheimer, Walter Benjamin, Adorno e Marcuse, membros/colaboradores da decantada e superestimada Escola de Frankfurt e, mais tarde, de acordo com os arautos da desconstrução, Foucault, Deleuze, Derrida e Barthes, julgar que o pensamento iluminista foi o grande responsável pelas desilusões da humanidade, depois que a Belle Époque se tornou poeira ao vento com a Primeira Guerra Mundial, com o nazi-fascismo e o socialismo na ex-URSS, com o crack de 1929 e com a Segunda Guerra Mundial.
Não é necessário demonstrar os inúmeros equívocos, imprecisões e anacronismos cometidos à exaustão pelos pensadores citados no parágrafo anterior. Quem quer ter mais conhecimento sobre o assunto, poderá ler Os dentes falsos de George Washington, de Robert Darnton, O modernismo reacionário, de Jeffrey Herf, ou As razões do Iluminismo e Mal estar na modernidade, ambos do filósofo brasileiro Sérgio Paulo Rouanet. A leitura desses excelentes livros não deixa a menor dúvida de que os críticos do Iluminismo jamais estudaram um texto sequer, de Voltaire, Montesquieu, Condorcet, Diderot, ou mesmo de Rousseau, o menos iluminista de todos os iluministas, e o que mais serve de parâmetro aos neohippies de boutique do século XXI.
Frankfurtianos e desconstrucionistas nunca fizeram mais do que traçar parcos panoramas essencialistas a partir de seus devaneios esquerdopatas, revisionismo marxista com pitadas de Freud. Lixo!
A confusão primária entre a aposta no poder de questionamento, na investigação e na prudência da razão, típicas do Iluminismo, e a fé desmedida, cega e autoritária no Progresso e no cientificismo, característica do Positivismo, ou a indistinção entre a frugalidade iluminista e a idealização e o exotismo românticos, são apenas alguns dos erros mais crassos da crítica pós-moderna ao pensamento do século XVIII. Nunca é demais frisar que o imperialismo e a Belle Époque são crias do século XIX, jamais do XVIII.
Mas o que torna o Iluminismo tão atual nos dias de hoje? Ora, nada mais do que o narcisismo e o egoísmo (ridiculamente confundido com o individualismo, por tantos desavisados e intelectuais desonestos, desde a direita conservadora, até a esquerda dita "revolucionária"), fenômenos típicos da atual sociedade massificada. A defesa da estética "alternativa", do relativismo, do performismo (que faz de qualquer descerebrado uma celebridade, exaltando o sucesso fácil e efêmero como qualidade), da falta de responsabilidade, do descompromisso, da imoralidade, do imediatismo, da descrença na autoridade (autoridade é totalmente diferente de autoritarismo), na democracia, na pesquisa e na ciência, são todas filhas dos manifestos libertários de Foucault, Deleuze e Derrida.
A idéia que faz a cabeça de tantos jovens hoje em dia, isto é, a noção de que uma pessoa é o centro de tudo e o resto que se dane, é uma contribuição macabra do pós-modernismo. É o próprio egoísmo de Narciso. Como tentar fazer quem age assim, entender valores como respeito ao próximo, à Natureza e aos animais? O Iluminismo pode ser uma ótima propedêutica.
Os iluministas jamais defenderam que o Homem controlasse a Natureza para explorá-la, numa relação de total dominação. Defendiam sim que a razão humana poderia ajudar a estabelecer uma postura mais harmônica do Homem com o meio natural, aproveitá-lo sem degradá-lo. Atual ou não? Quem nunca ouviu falar em "desenvolvimento sustentável"?
A razão iluminista é questionadora, procura colocar tudo em dúvida, refletir, pesquisar, examinar, para melhor nos capacitar a viver nesse planeta e poder apreciá-lo, para melhor nos adaptarmos ao que ele oferece de melhor, e também de pior.
O pensamento iluminista é o oposto extremo do descompromisso pós-moderno, pois não crê que exista algo de valor na preguiça e no "deixa assim porque não é comigo" (até parece que não!).
O Iluminismo sempre preservou intacta a diferença entre o certo e o errado, entre liberdade e libertinagem, entre conceito e opinião. Todas as grandes mentes que lutaram por um mundo melhor, também pensaram e agiram, invariavelmente, desse modo. Buda, Leonardo Da Vinci, Gandhi, Martin Luther King..., todos eles, antes e depois do Iluminismo, foram iluministas de algum modo.
Para encerrar, um pouco de otimismo: não é tão improvável que o mundo venha a nos legar outros grandes iluministas! Que assim seja!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A importância de não comprar animais


A criança passeia com os pais por um dos tantos shoppings que existem no Brasil, depara-se com a vitrine de um pet shop que vende animais e, como não poderia deixar de ser em se tratando de uma criança normal, encanta-se com os filhotinhos expostos. Após pedidos doces e insistentes, os pais compram um bichinho.
No começo, quando ainda filhote, tudo é festa. Logo, porém, iniciam-se as bagunças, os xixis fora do lugar, os objetos roídos e aquele lindo animalzinho vai virando um transtorno. Quando ele cresce e perde um pouco do fetiche que todo filhote gera, aí então a chance do encanto se esvair por total é grande. E tome bichinho levado para a casa da avó (lembram-se do velho ditado?: "na casa da vovó tudo pode"), bichinho sendo doado, quando não abandonado no meio da rua, ato de supremo desprezo, falta de consideração e crueldade.
Muitas pessoas ainda incorrem no erro de ver num animal, não mais do que um objeto, um brinquedinho, se esquecendo por completo de que ele é um ser vivo, que tem suas necessidades, seus temores, suas exigências, enfim, um animal sempre dá um certo trabalho. Quem quer ter um, precisa estar ciente de suas responsabilidades como proprietário, que não são poucas.
O mais correto hoje em dia, com tantos animais abandonados que vemos por aí, é NÃO COMPRAR ANIMAIS, deixando-se assim de patrocinar um negócio que acarreta tanto sofrimento aos bichos. Quer ter um? Há inúmeros deles esperando urgentemente por um dono nos CCZ´s, na UIPA ou nos sites que oferecem adoção (constam o endereço de dois deles aqui no blog...).
Qual é o papel do cidadão consciente e daqueles que zelam pelo bem-estar dos animais? É proteger e dar abrigo aos nossos amigos bichos, que precisam de segurança e de um lar. Agindo desse modo, inverte-se a lógica do comprador de pet shop ou de canil (ainda bem que hoje em dia canis são bem mais raros do que décadas atrás), pois em vez de colocar mais um animal em potencial circulação, tira-se um deles da praça e leva-se para dentro de casa. Faça isso, dê a sua contribuição, ajude a fazer desse planeta um lugar de menos provações. Depois disso, não se esqueça de castrar seu animalzinho, nada de cruzamentos e ninhadas, pois você não sabe na mão de quem cairão os filhotes.
Lembre-se: a relação Homem-animal mudou e deve ser encarada com reciprocidade e respeito, não a partir de uma ótica vertical e especista, onde o primeiro está acima do segundo.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Porque o Carnaval é inútil


Sim, antes que surja o primeiro e mais manjado argumento contra a inutilidade do Carnaval, esses dias servem sim para que se descanse, se bem que em certas situações, devido ao espírito de total libertinagem reinante, nem mesmo o descanso está garantido. Fora isso, o Brasil é o país dos feriados e, por mais que se ache que não, ninguém morreria sem Carnaval, muito pelo contrário, dado o número de mortes provocado por esse feriado!
Indo além, é preciso ser absolutamente fanático para apreciar um desfile de escola de samba. Todo ano a mesma coisa, aqueles carros alegóricos que são o retrato do mau gosto! Pode ter certeza que sempre haverá uma cabeça de tigre, uma serpente, um saci pererê, uma entidade mitológica, invariavelmente, um que pega fogo, outro que quebra no meio da apresentação, obrigando os integrantes da escola a se desdobrarem para conduzir o bólido até o final (nesse momento, a cobertura das emissoras de TV, como nunca deixa de acontecer, destaca o "heroísmo" dos foliões). Sempre as mesmas fantasias, a famigerada ala das baianas, com suas ridículas saias a rodopiar, o casal de mestre sala e porta bandeira, eternamente dançando a mesma coreografia, horrível, por sinal, e a comissão de frente, com seus remelexos desengonçados. Os temas de samba enredo então, nada compete com eles em termos de mesmice: é o floclore do Brasil, é a Amazônia, é a modernidade hi-tech, a mitologia grega, algum artista medíocre sendo indevidamente homenageado, a culinária não sei de onde..., raras vezes escapa-se a isso e de modo geral, mesmo os temas interessantes, são explorados de forma banal e simplista. Um estudo abordando as repetições que já ocorreram nos desfiles carnavalescos, seria dos mais hilários e, sem dúvida, revelaria números de espantar. Pegue um desfile de 1983, um de 1995, outro de 2002 e compare com um de 2009, está tudo lá, repetido à exaustão e do mesmo jeitinho. "Ah, eu gosto da bateria das escolas!" Sempre que ouço alguém falar isso, logo depois dou play num disco de Heavy Metal (e fico reparando especialmente na bateria). Carnaval é um porre!
Essa pantomima não é o que de mais deplorável existe na festinha que os tupiniquins adotaram como sua mais importante expressão cultural (quanta ignorância histórica!). O que dizer a respeito do prejuízo econômico que tantos dias de esbórnia geram? E o tal espírito de libertinagem, que em muitos casos descamba para a violência, devido ao excesso de álcool? Mentes inebriadas por muito tempo, quase sempre acarretam em desaforos, brigas, intolerância, acidentes de trânsito e assassinatos. Basta ver os números pós-Carnaval, divulgados pela imprensa.
Não tenho nenhum receio sentimentalóide em afirmar com todas as letras: EU ODEIO CARNAVAL! Sem ele, o Brasil seria melhor. Mas fazer o que (?), a festinha combina bem com a mentalidade dos brasileiros. Triste Brasil, país da "alegria".

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O lixo tóxico do Rock nacional

Particularmente, sempre achei que o Rock é um estilo musical para ser cantado em Inglês. É assim que ele soa melhor na minha opinião. Quem me conhece, sabe que não sou nacionalista em absolutamente nada, o que me importa são idéias inteligentes e cultura de qualidade, venham de onde vierem.
Não é por isso que não mereçam ao menos um lugarzinho de honra no Rock, bandas brasileiras como Barão Vermelho, Titãs (dos anos 80, depois disso embarcou numa degenaração poprock), Capital Inicial, Ultraje a Rigor e Roupa Nova. Bandas que não existem mais (essas reuniões que os Titãs fazem vez ou outra nada têm a ver com o velho Titãs). É uma pena!
Na era do pós modernismo massificado, sem compromisso, performista e desnutrido de conteúdo, temos a moda emo, que não vou perder tempo em comentar, já que esse "estilo" não passa de um punk adocicado ao máximo por temáticas teen, ou que poderíamos classificar pelo inverso, isto é, um popteen tentando inutilmente se fazer de rebelde (perdi mais tempo do que eu desejava).
O que realmente causa lástima são conjuntos como Charlie Brown Jr., CPM22, Jota Quest, Los Hermanos, Detonautas e outros afins. Como bem destacou Ed Motta, uma das cabeças mais pensantes desse país, são "rockeiros" infantilizados metidos a intelectuais. Tecnicamente, são músicos de péssima estirpe, apenas maltratam seus instrumentos, liricamente, não podem nem sequer ser considerados pensadores de botequim, visualmente, fazem o estereotipo do mau estudante de Humanas, vagabundo e frequentador de sofá pulguento nos centros acadêmicos (não que visual importe, mas é impossível deixar de destacar o lado patético disso, causa riso, dó e desprezo). Já em termos de estilo, creio ser uma afronta ao nome do Rock classificar essas coisas como representantes do gênero mais influente de todos os tempos. Sei lá no que podem ser enquadrados, sei que não prestam! Não sobra nada, é lixo tóxico, quem tem um mínimo de cabeça foge disso como o diabo da cruz!
Não é por acaso que bandas de Rock antigas ainda estão aí, na estrada há anos e anos e ainda hoje mantendo seus fãs leais, além de conquistar certos seguidores das novas gerações. Daqui cem anos o Queen será lembrado, já um Los Hermanos da vida, terá caído no sombrio limbo do esquecimento. E viva a boa música!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Parabéns ao grande gênio!


No dia de hoje a história marca 200 anos do nascimento de Charles Darwin, cientista de gênio absoluto, o grande pai da Biologia moderna, aquele que desenvolveu a teoria da Evolução das Espécies, cujo poder de explicação a respeito da vida na Terra é, de longe, a mais correta e a que mais apresenta evidências. Tudo isso faz dela algo além de uma teoria apenas, fato que escapa a muitos ideólogos anti ciência, obscurantistas defensores da falácia pós modernista.
Darwin foi um dos mais genuínos representantes do pensamento científico, inerentemente investigativo, analítico, questionador, observador, conclusivo e que, diferentemente do que pensam os irracionalistas, é sempre aberto e precursor de novas pesquisas, uma vez que, ao mesmo tempo que responde a questionamentos, abre um vasto campo de novas problemáticas e linhas de pesquisa. A ciência é inacabada, a complexidade da vida e o espírito inquiridor jamais se contentam com fronteiras fixas e estanques, ao contrário, sempre buscam o alargamento das perspectivas. A ciência é libertadora e muito disso se deve a Darwin.
As pesquisas do naturalista britânico responderam de modo eficaz a inúmeros questionamentos, da mesma maneira que desde suas publicações, abriram perguntas que até hoje agitam a comunidade científica, tais como a dúvida sobre o termo final do processo evolutivo ou a medida exata da relação entre cultura e natureza, sem mencionar outras tantas.
Criacionistas, adeptos do design inteligente, e outros fanáticos do pensamento religioso tentam, de forma que ao fim das contas se mostra ridiculamente pobre em argumentação, - é bom que se diga! - atacar o darwinismo afirmando que o ser humano é muito complexo para ter surgido por um simples acaso. Como todo especismo, rasteiro desde sempre, o dogma dos fervorosos não dá conta de enxergar o que a maestria de Darwin tornou claro mais do que nunca, isto é, que o processo evolutivo é algo extremamente complexo, de longuíssima duração, indissociável da luta pela sobrevivência e das condições oferecidas pelo ambiente. Apenas um tal processo, genético e biológico, com tudo de natural e complexo que isso envolve, pode estar apto a explicar muitos dos mistérios da vida. Não há absolutamente nada de acaso nisso, é exatamente o contrário!
Fica aqui, aproveitando a data (lembrando que 2009 marca ainda os 150 anos da publicação da teoria), um apelo para que o pensamento de Darwin seja tratado com mais profundidade nas escolas desse país, para que os governos e a iniciativa privada invistam mais em pesquisa, para que os cientistas brasileiros, que em grande parte das vezes se desdobram em esforços de investigação sem ter o devido reconhecimento, sejam enfim mais valorizados. De uma vez por todas, que seja reacreditado o potencial libertador da ciência, que o obscurantismo evanesça!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O mar de lama do pensamento no Brasil



A cada dia que passa, mais e mais chego à triste conclusão de que o Brasil é um país cujo futuro será dos piores, assim como o presente já é de caos. Não preciso frisar que tenho a mais profunda repugnância por aquele sentimentalismo telúrico, ufanista e adulador, conhecido por borrifar platitudes, tais como “o Brasil é o melhor país do mundo” (qual a base empírica dessa sandice?!; todo imbecil que profere tal sentença deveria ser obrigado a fazer um curso de Geografia e estudar, sobretudo, o significado da avaliação do IDH) ou “o Brasil é o país do futuro” (sempre do futuro, jamais do presente!). No geral, o brasileiro é cordial e quem leu Sérgio Buarque de Holanda com atenção, sabe o quão essa cordialidade é prejudicial, portanto, os arroubos de boçalidade tropicana e pueril, não chegam a surpreender. O pior e mais angustiante é notar como, apesar dos avanços institucionais da democracia no país - obtidos graças ao pouco que temos de intelectualidade e progressismo em nossos quadros políticos e sociais - a ausência de cultura democrática ainda predomina nos meandros do cotidiano. Esse aspecto é uma chaga cuja propedêutica talvez jamais venhamos a conquistar. O mal referente ao completo desconhecimento sobre o conceito de liberdade é um tumor profundo na mente do brasileiro comum e os historiadores dos Annales já mostraram como é lento o processo de mudança das estruturas de pensamento de uma sociedade. Um dia desses, envolvido numa discussão sem maior importância dentro de um fórum virtual, um sujeito tosco e totalmente desprovido de polidez, já conhecido por sua deplorável falta de argumentação, reclamava que eu não respeitara sua opinião. Santa ignorância! Esse indivíduo, mais um anônimo na multidão, como tantos outros brasileiros, sofre da doença que confunde falta de liberdade para opinar com direito alheio à discordância. Moléstia já há muito erradicada em sociedades verdadeiramente livres, mas autêntica pandemia na terra do lulismo petralha. Será que tais pessoas não conseguem perceber o óbvio e o elementar, ou seja, o fato de que qualquer um é livre para emitir sua opinião, desde que não calunie, não difame, não ataque a honra de outrem, mas que ninguém é obrigado a concordar com tal forma de enxergar as coisas e que uma opinião contrária pode e até mesmo deve ser dada? Não, eles não percebem que falta de respeito com suas opiniões haveria, caso lhes fosse arrancado o direito à opinião! Eles podem e devem opinar, eu posso e devo discordar! Óh grande Voltaire, que afirmou: “sou totalmente contra o que você diz, mas defendo inteiramente o seu direito em dizê-lo!” Como faz falta um pouco de Iluminismo nesse país! O senso comum do brasileiro, mais superficial do que o da maioria dos outros povos, faz com que ele acredite cegamente que democracia seja o mesmo que ditadura da maioria (Tocqueville é leitura marginal nas universidades brasileiras, muitas delas antros do socialismo revolucionário em pleno século XXI!) ou, o que é mais grave ainda, o faz pensar que sua opinião é uma imaculada e sacrossanta relíquia, que jamais deve ser posta em discussão (ora, para que debater, não é mesmo?!), crença típica do iberismo herdado dos tempos coloniais, que vê na discordância de ponto de vista, um ataque à pessoa que opina. Não é à toa que tal tipo de sujeito invariavelmente descamba para argumentos ad hominem, pois incapaz de operar com base na lógica abstrata da racionalidade e da impessoalidade, característica das sociedades livres e modernas, ao contrário, parte sempre em direção à questão da honra, como ocorrem com as sociedades arcaístas e tradicionais.
Começa a trovejar no exato momento em que escrevo essas linhas, som que me faz lembrar do futuro de tormentas dessa nação miserável, citado no início do texto. Um dia eu vou embora do Brasil!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Overdose de bola (murcha) rolando


Antes de mais nada, devo deixar claro que sou amante do futebol, esporte de origem bretã, disparado o mais popular do mundo, o mais emocionante, o mais variado quanto ao leque de jogadas, dribles e esquemas táticos, o mais democrático em relação ao biotipo dos atletas que o praticam, pois não é preciso ser alto nem extremamente forte para ter sucesso com a bola nos pés.
A despeito disso, fica impossível, exatamente para quem curte esse esporte, deixar de lamentar a overdose de transmissões de jogos de futebol nas TV´s a cabo. Sou do tempo em que o Campeonato Italiano era transmitido aos domingos na hora do almoço, ainda na TV aberta. Um só jogo, geralmente da esquadra que o Milan possuía na segunda metade da década de 80, um timaço que contava com o grande trio holandês, Ruud Gullit, Marco Van Basten e Frank Rikjard, ou então do Napoli de Maradona e Careca. Eram equipes que chamavam a atenção do telespectador, pois jogavam bonito. Uma vez por ano era transmitida a final da Copa dos Campeões da Europa. Um só jogo, um jogaço! A cada quatro anos os craques do futebol europeu se reuniam para disputar a Eurocopa de Seleções. Apenas alguns jogos, grandes jogos! Também a cada quatro anos, a tão esperada Copa do Mundo. Todos vidrados na TV. Em menos de um mês a competição ia embora, deixando na memória partidas antológicas como Alemanha x França em 1982 ou Inglaterra x Camarões em 1990. Pelejas que sempre farão jus à grandeza do futebol.
Hoje em dia, tudo mudou, mudou para pior. Hoje em dia o futebol está banalizado. Zapeio o controle remoto e, em plena quinta feira à tarde, me deparo com PSV x Den Haag (ahn?!) pelo Campeonato Holandês! Mais uma passeada pelos canais e eis que surge Nice x Vannes pela Copa da Liga da França (como diz o outro, fala sério!). Para que servem jogos assim? Talvez para algum aprendiz de treinador observar a tática, talvez, e olhe lá! Perdeu-se o charme, a essência das grandes partidas, nas quais era possível ver jogadores de ponta desfilando sua arte nos gramados. É tanto jogo, mas tanto jogo, que nem se fica sabendo quando será transmitida uma disputa entre grandes equipes, válida por um campeonato que mereça atenção.
Como tudo na atual cultura de massas, que não é feita apenas para as massas (o que não chegaria a ser de todo ruim), mas pelas próprias massas, o futebol degenerou nesse performismo de estética vulgar, nessa apoteose fanfarrona que tudo faz virar celebração de celebridades anódinas. Espetaculização, não espetáculo. Até os jogadores, estrelas do que um dia já foi espetáculo, foram tomados pela mediocridade. A moda agora é aquela pedalada (coisa horrível) improdutiva e sem ginga do CR7 (sim, ele é chamado por uma sigla!), o maior símbolo da tal estética vulgarizada dos novos tempos. Quem sabe lançar, quem dribla, quem é objetivo, quem desconcerta com um simples toque imprevisível? O Messi, talvez, (se não degenerar nos malabarismos circenses, como já aconteceu com Ronaldinho Gaúcho e Robinho) o grande Riquelme, o ainda genial Alex. Quem viu o Maradona, numa jogada indescritivelmente bonita em sua simplicidade, inusitada e eficiente, deixar o Burruchaga na cara do gol para decidir a Copa de 1986, sabe o que estou dizendo.
O futebol vai além do esporte, futebol é cultura, overdose banalizante, definitivamente não dá! Ainda bem que existe o controle remoto, ainda bem que existem os livros...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Porque ser vegetariano

"Haverá um dia em que a morte de um animal será considerada um crime tão grave quanto a morte de um ser humano" - Leonardo da Vinci

É notório o crescimento da filosofia de vida vegetariana nos últimos 10 anos.
Sim, o vegetarianismo é uma filosofia de vida, não apenas uma simples dieta ou, menos ainda, um modismo do século XXI. Existem razões de sobra para adotar o vegetarianismo e, discorrer sobre todas elas, demandaria algo mais extenso do que cabe aqui. Irei me concentrar tão somente num único aspecto, a saber, a relação Homem-animal.
Segundo as pesquisas mais recentes, as primeiras formas de vida humana surgiram no planeta Terra há cerca de 7 milhões de anos, já a nossa espécie, o Homo sapiens sapiens, há apenas cerca de 100 mil anos. A Terra possui cerca de 4,6 bilhões de anos! Você já percebeu que o Homem existe há muito pouco tempo, muito pouco mesmo, considerando a idade do planeta. Estou pensando em ciência, em pesquisa, em investigação, em racionalismo. Religião e fé não me interessam nesse aspecto.
É certo que em seu processo evolutivo, o Homem obteve algumas conquistas devido ao que pode ser designado por arte da caça, isso porém num passado já longínquo. Hoje em dia, é fato que o ser humano não mais necessita de consumir carne, porque foi isso mesmo, isto é, a necessidade, que levou os ancestrais do Homem moderno a caçar para consumir a carne das presas.
Atualmente, o consumo de carne não passa mais pela arte da caça, aquela "borrachinha", vermelha ou branca, dependendo do animal abatido, é produzida a partir de intensa e cruel exploração, de sacrifício e carnificina brutais, a partir de animais confinados e submetidos aos mais antinaturais regimes de engorda. Já em relação à pesca, não menos cruel (imagine uma criatura arrancada de seu habitat à qual é imposta a morte lenta por asfixia), tal como hoje é praticada em escala comercial, é responsável pelo desastre silencioso que vem pilhando os ecossistemas marinhos (pesquisas sérias revelam que se a pesca continuar sendo praticada desse modo, em 50 anos pode não haver mais vida marinha).
Quando um animal é morto, sua carne, de imediato, passa a se putrefar e a ela são adicionados conservantes químicos
extremamente nocivos à saúde humana em escala gigantesca. Não à toa, casos de câncer no estômago e intestino se tornaram doenças comuns na modernidade.
A gama de alimentos vegetarianos disponível hoje no mercado, graças às modernas tecnologias de cultivo e produção, é enorme e permite uma dieta muito mais rica, saudável e variada do que a limitada alimentação que ainda depende da carne. Além disso (e atente-se para a importância ética desse aspecto!), o vegetarianismo está livre
de exploração, sofrimento, dor, sangue e morte.
A relação Homem-animal mudou, o que é reflexo próprio do processo evolutivo. Os animais não estão aí para servir ao Homem! Lembre-se de que existimos há muito pouco tempo e que não somos a última etapa do processo evolutivo, não somos os senhores do universo, não estamos acima de nenhuma outra espécie e, caso ainda se acredite no especismo, acaso a razão não serve para que questionemos? E, se questionamos, facilmente chegamos à conclusão de que ser vegetariano é poupar vidas, é respeitar a Natureza e os animais, é ser ético, ecológico, consciente em relação aos benefícios físicos e espirituais do vegetarianismo, é ser evoluído!