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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A balela petista do "petróleo é nosso"


É fato banal e sabido por muitos mundo afora, que economias cujo foco principal se concentra na exploração de recursos naturais, principalmente o petróleo, estão bem longe de ser desenvolvidas. O acesso à riqueza gerada por esse tipo de recurso é apanágio único e exclusivo, conforme o caso, dos chamados sheiks do petróleo (na maior parte dos países do Oriente Médio) ou de autocracias governamentais (na Venezuela, no Equador e na Indonésia). Enquanto isso, o quadro brutal de desigualdade faz com que a maioria da população dessas nações tenha que comer o pão que o diabo amassou na dependência da agropecuária rudimentar para se manter. Não é à toa que nesses paises os governos sejam absolutamente nacionalistas e autoritários, pois eles próprios se locupletam dos petrodólares, tampouco são governos que investem na diversificação da economia (qualquer semelhança com o que vem se delineando no Brasil de hoje, não é mera coincidência). No Oriente Médio, por exemplo, as nações mais prósperas são Israel e Turquia, não-produtoras de petróleo, exatamente porque possuem indústria mais desenvolvida e diversificada e terciário mais avançado. O único caso de nação petroleira que foge um pouco à regra se dá com os Emirados Árabes, que ultimamente abriu sua economia ao turismo internacional. De modo geral, é fácil notar que nenhum membro da OPEP é desenvolvido, muito pelo contrário, são países pobres, ou no máximo emergentes, como o próprio Emirados Árabes ou o Kuwait, cuja política tem grau um pouco menor de autoritarismo.
Mesmo a despeito dessa obviedade, já exaustivamente discutida há tempos por tantos analistas, o Brasil, terreno fértil do estatismo fossilizado desde a Era Vargas, passando pelos milicos e chegando ao atual governo, continua pródigo em lançar os mais ridículos clichês provenientes de tal mentalidade provinciana. No ano passado Lula divulgou o marco regulatório da exploração da camada do Pré-Sal, acompanhado do patético slogan (referindo-se ao petróleo) "Patrimônio da União. Riqueza do Povo. Futuro do Brasil". Do ponto de vista econômico, é uma balela difícil de ser superada em seu equívoco. Mas quem no Brasil consegue enxergar essa falácia? Poucos, muito poucos. Do ponto de vista ideológico, entretanto, tem funcionado como uma arma poderosa no discurso populista do PT, já que ciente do viés estatólatra de grande parte da população tupiniquim, o tema do "petróleo é nosso" tem aparecido a todo momento na campanha eleitoral de 2010. Campanha essa que se resume à comparação entre o governo atual e o anterior, ainda que a comparação seja completamente non sense e carente de parâmetros. Jamais a privatização da Petrobrás foi discutida a sério, governo nenhum aventou a possibilidade de leva-lá a cabo. Não é nada surpreendente que nos grotões da ignorância, aqueles que são vítimas e mentes cativas do assistencialismo petista, nada saibam sobre o assunto e caiam como mosquitos ingênuos na teia dessa propaganda nefasta. Estarrecedor é o fato de muita gente com nível de instrução suficiente comprar e bater o pé em defesa do discursinho mentiroso e arcaico do atual governo.
Como se não fosse a tão evidente questão ambiental, um assunto planetário, que por isso mesmo não atrai a atenção das umbigadas nacionalistas e que manda diminuir o afã do petróleo, (já abordei aqui o potencial eólico e solar do país, desprezado pelo governo do PT, que cortou verbas dos ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia) o tema do petróleo envolve para o Brasil outros pontos que são varridos para baixo do tapete no atual governo.
Para aqueles que tecem loas ao petismo, cabe perguntar no que se traduz exatamente o lema do "petróleo é nosso". Nos investimentos que a Petrobrás realiza em países latinoamericanos nos quais grassam ditaduras? Ou no aparelhamento partidário e fisiológico que essa estatal sofre? Em função disso, será que a Petrobrás é realmente pública, será que seus altos cargos são preenchidos a partir de critérios meritórios? Quem sabe o lema do "petróleo é nosso" não se materialize na verba destinada às ONG´s petistas? Sobre isso, alguém já se perguntou como uma ONG pode ter partido? O que são ONG´s no Brasil? No governo do PT, têm sido braços do próprio governo. ONG´s a serviço do governo..., trágico! E as verbas que a Petrobrás repassou à cooperativa do MST? O petróleo é deles! E a CPI da Petrobrás? Por que o atual governo jamais foi em frente nessa discussão? Voltando ao tema ambiental, o governo alguma vez discutiu, de modo superficial ao menos, os possíveis impactos ecológicos que podem resultar da exploração nas águas profundas do Pré-Sal?
A balela do "petróleo é nosso" continuará a ser propalada pelo governo, muitos incautos permanecerão comprando essa cretinice, nada mais do que a cara do Brasil. Se a candidata do governo nas eleições presidenciais vencer o pleito, a demência do ouro preto invadirá de modo mais agressivo as mentes sujeitas à propaganda autoindulgente, característica do autoritarismo petista. Todavia, ainda é tempo de evitar a tragédia do continuísmo Lula-Dilma (Zé Dirceu). Que prevaleça, então, o bom senso, se é que ele ainda existe...

domingo, 10 de outubro de 2010

A hora do bom senso


De acordo com a primeira pesquisa de intenção de voto para a presidência da República no 2° turno, divulgada ontem (09/10) pelo Datafolha, e a partir do que já se verificou no 1° turno, no qual a vitória da candidata petista dada como certa não se confirmou, a disputa de 31/10 deverá ser acirrada. O candidato do PSDB, no entanto, ainda precisa tirar uma diferença significativa em relação à sua adversária para que possa se sair vitorioso.
Não é difícil projetar uma derrota do PT caso a maior parte do eleitorado que votou em Marina Silva, independente de qualquer aliança política que possa ser costurada, usasse o bom senso e desse seu voto para José Serra. Quem votou na candidata do PV o fez por falta de opção, porque tem restrições tanto quanto a Dilma, como também ao tucano. A diferença é que agora no 2° turno, não restam opções, ou vence o menos pior, que pode ter vários defeitos, como por exemplo, a falta de ideias novas a respeito de ciência e tecnologia, ou mesmo sobre meio ambiente, ou permanece no governo o partido que, além dos mesmos vacilos da parte tucana, já se mostrou capaz de tudo pelo poder, que adota práticas populistas para iludir a massa de pobres, que mantém os privilégios dos ricos, que enforca a classe média, que aparelha a máquina pública e que possui claríssimo e inegável perfil autoritário. Com maioria no Congresso, a chance do PT fazer avançar ainda mais sua sanha bolchevique é bastante grande. Seria uma tragédia para o já combalido Brasil.
Marina Silva nunca esteve preparada para comandar o Executivo. É uma figura política sem expressividade e sem força, haja vista que durante seus anos de ministério no governo do PT, nunca conseguiu colocar em prática qualquer uma de suas políticas ambientais. Aliás, alguém sabe quais são as ideias de Marina -  ela que construiu seu perfil político com base na defesa ecológica - acerca do tema? Obviamente, o insucesso da acriana como ministra do Meio Ambiente não foi apenas culpa sua, dado que um partido da linha ideológica do PT jamais teve preocupações em relação a isso, mas a inépcia ajuda a revelar sua fraqueza. No fim das contas, teve de deixar o partido de Lula e Dilma. Seu estereótipo bonzinho, de fala mansa e suposta ponderação, nunca foi mais do que muleta de discurso, artifício típico a denotar carência de ímpeto e poder de realização. Quem sabe um dia Marina Silva não venha a ser uma figura política de peso? Cabe lembrar a reboque, que durante o governo PT, o desmatamento na Amazônia atingiu recorde histórico em 2008/2009, (Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente em maio de 2008) sem mencionar o Cerrado, que vive situação ainda mais desesperadora. O governo do PT, seus ideólogos e os ruralistas (dentre esses últimos, a maioria eleita na semana passada para representá-los no Congresso, apoia o PT) nunca mencionam o Cerrado, já que o plantio de soja que devasta cada dia mais esse ecossistema é a base principal do agronegócio que sustenta o ilusório crescimento do PIB no governo Lula, salientando-se o fato de que mais de 90% dessa soja não se destina ao consumo humano.
No embate político vigente no Brasil, adeptos festivos do petismo, aqueles que caem no papo furado de tantos professores uspianos e puquianos, todos eles beneficiários de feudos obtidos por meio do jeitinho brasileiro no interior da máquina pública, recorrem desesperados ao argumento da falência da educação paulista supostamente causada pelo PSDB. Balela total! A educação  pública vai de mal a pior no Brasil inteiro desde a época da ditadura militar (que Lula tanto gosta de citar positivamente), bem antes dos tucanos existirem. Não que esses tenham feito melhoras no sistema educacional de São Paulo, muito pelo contrário, mas daí creditar o sucateamento aos mesmos, é má fé ideológica. Ademais, quem são os petistas para falar em educação se o seu Sassá Mutema é o apedeuta mor da nação?!
Outras falácias do petismo abordam os números da economia, hipoteticamente melhores na era Lula do que no governo de FHC. Primeiramente, como já vem sendo ressaltado por analistas isentos e pelos próprios dados do IBGE sobre o IDH, o crescimento do PIB lulista é ilusório, baseado em commodities e brutal com relação ao meio ambiente. Segundo, aqueles que boicotaram exaustivamente o ajuste da economia, feito por FHC, não podem abrir a boca para mencionar esse assunto. Se hoje existem números melhores do que nos anos 90, a reforma econômica tucana é que possibilitou ao PT surfar na onda.  Fora isso, também é má fé ideológica comparar o Brasil de 15 anos atrás com o de hoje. Essa gente petista não entende mesmo como funciona a economia globalizada! Curioso que Lula e os petistas não fazem cerimônia para falar de "herança maldita", mas nunca tiveram a honra de pensar na "herança bendita".
Finalmente, as privatizações não poderiam deixar de ser alvo da demonização petista. No caso da telefonia, quem tem um mínimo de memória sabe o quanto a burocracia do monopólio estatal no setor atrasava a vida e sugava o bolso do cidadão. Se hoje o serviço tem falhas, por outro lado, proporciona poder de escolha e preços acessíveis, graças à concorrência. A crítica das viúvas do Estado é ainda mais forte quanto à Vale e à CSN, no que então não custa sempre lembrar que o prejuízo dado por ambas quando pertenciam ao monopólio estatal era monstruoso. Hoje, além de serem lucrativas, cerca de 60% do capital é nacional. A manjada tese estatólatra das "perdas internacionais", que faz com que os petistas deem as mãos ao defunto Brizola, não passa de embuste deslavado! Agora, cabe perguntar a esse pessoal o que têm a dizer sobre a privatização da máquina pública, essa sim criminosa e típica das práticas políticas do PT. Tudo para se manter no poder, não é mesmo?
Marina foi boicotada enquanto ministra no governo petista, Marina deixou o PT. Marina filiou-se ao PV, partido que se mostra avesso ao autoritarismo. Não sabemos ainda se a acriana e seu partido darão apoio a alguém na disputa do 2° turno, considerando ainda que uma aliança política, especialmente no Brasil de hoje, costuma escapar à questões de ponderação. Independente disso e deixando de lado as alianças e o partidarismo, qualquer dúvida sobre qual deve ser o voto do eleitor de Marina em 31/10, já está desfeita há muito. Apenas sou mais um, dentre tantos, a fazer coro contra o que há de pior na história da política brasileira na Nova República, isto é, contra aquilo que se chama PT.
Oxalá a luz da razão possa emanar os ares de sua bonança e se fazer presente com toda força na mente do eleitor brasileiro, ao menos entre os marineiros!

domingo, 3 de outubro de 2010

Brasileiro vai às urnas


Neste domingo, no momento mesmo em que escrevo estas linhas, o povo brasileiro se encaminha na direção das seções eleitorais para dar seus votos nas eleições presidenciais, estaduais e do Poder Legislativo. Na cabeça do brasileiro, o voto é o instrumento máximo da democracia, ideia que chega a ser corroborada até mesmo por boa parte da imprensa. As eleições são realizadas de tempos em tempos, tendo portanto caráter pontual, além do que, num país onde a consciência política de grande parcela de sua população é deficiente, se esquecendo em quem votou depois de alguns dias, e onde ainda os políticos formam uma casta privilegiada, não há democracia que possa se sustentar apenas esporadicamente em época eleitoral. Não, democracia não é isso, não apenas, pelo menos.
Em sociedades politicamente maduras, a democracia é uma questão cultural, o que enseja e desenvolve, por assim dizer, uma cultura democrática. Nesse tipo de sociedade, o cidadão é possuidor de liberdade politica não somente porque tem direito de votar, mas porque, sobretudo, tem a capacidade e a disposição de exercer sua cultura democrática no cotidiano, prática que se traduz pelo espírito associativo concernente ao diálogo e à cobrança em relação aos políticos. Cidadania, em outras palavras. E nisso, os canais participativos indiretos que hoje em dia são oferecidos ao cidadão, se mostram muito maiores, por exemplo, do que na Atenas clássica com sua democracia direta. Esse mecanismo revela também que o conceito de "democracia burguesa" não passa de falácia ideológica da velha esquerda autoritária.
No Brasil, em contraponto a esse sistema, a fragilidade do espírito associativo, como já elucidado por nomes do quilate de José Murilo de Carvalho, Roberto da Matta e Evaldo Cabral de Mello, não permite que o mesmo seja exercido dentro da política. Em nosso país, o maior exemplo de espírito associativo ocorre no Carnaval, festejo externo à política, que dura 5 dias por ano e que não possibilita nenhum ganho em termos de cidadania, muito pelo contrário. Não surpreende que em uma democracia coxa como a nossa, o voto seja obrigatório, pois além do próprio cidadão nutrir a ilusão de que votar faz dele um partícipe do processo democrático, muitos políticos necessitam do voto das massas em catarse para alcançar ou manter o poder. Em democracias consolidadas, o voto é apenas mais um dentre tantos mecanismos de atuação política, nem de longe o principal. Além disso, a representatividade abarca muito mais elementos do que o fato do cidadão ter votado ou não. O voto facultativo vigente em muitas democracias maduras é sempre um aspecto construtor de consciência política e a abstenção, um forte sinal de protesto quando há algum descontentamento em relação aos políticos. Já em países como o nosso, o voto obrigatório é fator essencial para o vicejar do populismo e do assistencialismo e para a perpetuação dos privilégios da casta política, amparada por votos conquistados na base do cabresto moderno, o marketing, ele próprio vetor de tantas políticas de "pai dos pobres", comuns no Brasil petista. Sendo assim, o que há de surpreendente na eleição de um Tiririca ou de um Netinho?
O paradoxo de nossa democracia de isopor atinge até mesmo detalhes mínimos, como o fato de que para se votar a partir de agora, já não basta apenas o Título de Eleitor, porém, para se obter um passaporte, esse documento deve ser apresentado, além dos comprovantes de votação na última eleição. É a cara do Brasil!
Pensando em resultados e nos prováveis eleitos, o quadro é ainda mais desanimador. No pleito presidencial, as pesquisas mostram que a maioria do eleitor brasileiro dará o voto mais conservador da Nova República, fazendo continuar a corrupção sistemática, o aparelhamento da máquina pública, o autoritarismo, a incapacidade gerencial e a ilusão do crescimento da economia baseado em commodities. Nunca antes na história desse país o eleitor foi tão cretino!
Aqui no Estado de São Paulo, para ficar apenas na análise da disputa pelo governo, sem  entrar no mérito da eleição senatorial, na qual  o resultado poderá ser aberrante, também o conservadorismo dá o tom. É lamentável observar como os paulistas não conseguem escapar à polarização PSDB-PT. Aloizio Mercadante, que pertence ao partido que tão bem representa o que foi escrito no parágrafo anterior, é o segundo colocado nas pesquisas. Já Geraldo Alckmin, um dos políticos mais anódinos de todos os tempos e que tal qual seu co-partidário José Serra, nada tem a dizer sobre urbanização, meio ambiente e tecnologia, lidera. Gente mais inteligente, como Fabio Feldmann, mal consegue atingir 1% na expectativa de voto. Isso também é a cara do Brasil!
É questão de horas para que a apuração seja completada e para que se confirme aquilo que já é previsto. E assim, mais um processo eleitoral estará findado, mais uma vez o ingênuo povo brasileiro será ludibriado e, como sempre, a democracia no país se mostrará apenas uma abstração a ser citada em vão por políticos corruptos, incompetentes, populistas, autoritários...