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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Oportunismo politicamente correto


Causaram enorme bochicho as recentes declarações do novo presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, sobre o possível interesse da agremiação no meia Kaká. Aidar afirmou que o jogador evidentemente interessa, pois "é alfabetizado, tem todos os dentes na boca, bonito, fala bem..., é a cara do São Paulo".
Os politicamente corretos de plantão, como de praxe, logo passaram a cuspir abelhas contra a fala do mandatário em questão, adotando o velho discurso tipicamente - hoje eu não queria usar o termo, mas como se trata de algo que assola cada vez mais todas as esferas da sociedade e da cultura, não há como fugir a ele, infelizmente - esquerdista! No universo das paixões clubísticas e das provocações entre torcedores, não há decoro nem regras e, assim sendo, os que foram alvos do presidente podem, de modo natural e inocente no seio de tal contexto, devolver o cutucão fazendo troça com a sexualidade dos são-paulinos: a palavra "bonito", uma das que foram utilizadas por Aidar para se referir ao ex-jogador do São Paulo, atual atleta do Milan, cai como uma luva para tanto.
A contextualização, que uma vez levada em conta não daria ao fato importância maior do que ele merece, passou longe entretanto da imprensa defensora dos fracos e oprimidos, que não fez cerimônia em atribuir conotações políticas e sociológicas a uma frase meramente clubística. Qualquer sujeito, mesmo aquele que não torce e só acompanha um pouco de futebol, muito mais por osmose do que por vontade própria, sabe que Aidar teve a intenção de dar uma alfinetada no escrete de Itaquera, apenas mais um episódio dentre os tantos que permearam e continuarão permeando o discurso de rivalidade que move os dois clubes paulistas. As provocações de parte à parte já passaram pela boca de Roque Citadini, Marco Aurélio Cunha, Vampeta, Luís Fabiano, Andrés Sanchez, Juvenal Juvêncio e por aí vai ...
A ESPN Brasil, emissora esportiva que vem assumindo de maneira mais aberta a cada dia que passa o tom do politicamente correto, do coitadismo e do oportunismo esquerdista, através de alguns seus âncoras e comentaristas, fez um alvoroço em torno da declaração, com direito a indignação extremada e discursos inflamados condenando o cartola do Morumbi. A análise pretensamente dotada de rigor político e sociológico contaminou até mesmo Mauro Cezar Pereira que, pelo menos até hoje, nunca havia precisado recorrer a clichês de bom-mocismo para construir um raciocínio. José Trajano, o chefe, do alto de sua postura artificialmente douta, chegou a dizer que  a frase de Aidar era racista, sem que em nenhum momento o dirigente tenha se referido a qualquer aspecto racial e como se o fato de se possuir mais ou menos dentes tivesse alguma coisa a ver com a cor da pele, ou como se o conhecimento da escrita fosse fator de diferenciação entre brancos e negros, ou ainda como se um juízo sobre beleza pudesse adotar universalmente critérios baseados no grau de pigmentação cutâneo. Quem enxerga racismo onde não há é que parece estar tomado por algum tipo de paranoia racial... Ah, Leônidas da Silva, o Diamante Negro, tem a cara do São Paulo, do mesmo jeito que Kaká. A declaração não passou de provocação clubística, repito!
O já citado Vampeta, há não muito tempo, foi convidado a falar na ESPN Brasil. Na ocasião, a extrema ignorância do ex-jogador fez com que ele falasse inúmeros absurdos a respeito da Copa do Mundo 2014, logicamente defendendo sua realização e descartando como tolices todas as mais do que justas insatisfações por parte da população quanto à podridão que cerca o evento. Trata-se do mesmo Vampeta que disseminou a alcunha de "bambi" para designar os são-paulinos e, se a dita emissora condena tão veementemente as provocações clubísticas, não deveria conceder espaço ao criador do apelido. Contudo, é extremamente comum nos depararmos com exemplos cotidianos nos quais a autorreferência desmente categoricamente as ações práticas: a ESPN Brasil, inclusive nesse caso prestando serviços jornalísticos elogiáveis, sempre se manifestou contrariamente à realização da Copa no Brasil, mas dado que o discurso sempre é mais fácil do que sua observância concreta, o veículo transmitirá ao vivo todos os jogos do mundial, no que irá ajudar a FIFA, os patrocinadores desta, bem como faturará ele próprio cifras consideráveis ...

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A invenção da luta de classes e o ódio à classe média


No pensamento de Marx, a luta de classes é o motor da história, segundo ele, algo observado desde a oposição entre senhor e escravo no mundo antigo, até o antagonismo que opõe burguês e proletário na sociedade industrial capitalista. Nesta, de acordo com o autor em questão, a exploração do homem pelo homem conduziria a um distanciamento cada vez maior entre os donos do capital e o trabalhador assalariado, situação que, por sua vez, promoveria o acirramento da luta de classes e a ocorrência da revolução socialista, pautada obrigatoriamente, nunca é demais frisar, pela violência.
A análise histórica, a despeito das pretensões científicas de Marx, o desmente categoricamente, bastando mencionar conflitos tais quais a Guerra do Peloponeso, as guerras de reconquista na Península Ibérica, a Guerra das Duas Rosas ou importantes desenvolvimentos da história, como o avanço científico e a produção cultural, dentre tantos outros elementos que nada têm a ver com luta de classes, para se saber que a obra marxiana é recheada de falhas e de um senso profético que chega a ser ridículo. Ao longo de seus escritos Marx nunca conseguiu oferecer uma conceituação precisa de classe social nem ninguém que compre a ideia da luta de classes como motor da história poderá sustentar o argumento solidamente, já que a mente humana, com toda a sua complexidade e multiplicidade, não opera somente com base no fator econômico-classista.
É sabido que Marx, tomado pelos arroubos de desonestidade intelectual que marcaram a gênese de suas reflexões, manipulou estatísticas na intenção de confirmar o que ele queria que fosse confirmado, não o que de fato se verificava, por isso o uso anacrônico que fez de muitos dados e fontes. O desenrolar da história, todavia, se encarregou de desnudar a farsa marxiana: em sociedades capitalistas fundadas sobre a liberdade individual, a isonomia jurídica e a meritocracia, os salários reais dos trabalhadores só aumentaram nos últimos cento e cinquenta anos, bem como se formou uma ampla classe média trabalhadora e consumidora, resultado totalmente contrário à polarização proletários empobrecidos-burguesia concentradora de riquezas que Marx quisera prever. Indicadores sociais como renda per capita, além do próprio IDH, mostram que nestas sociedades capitalistas, o acesso à educação, saúde, lazer e cultura é bastante disseminado entre a população.
O surgimento da classe média é um elemento importantíssimo para a compreensão das políticas empreendidas hoje em dia por partidos de esquerda no poder, como o PT, e do ideário que permeia a cabeça dos intelectualóides filiados aos mesmos, vide a sra. Marilena Chauí, marxista de carteirinha, ferrenha adepta da luta de classes como motor da história e que odeia a classe média. Por que será?
No âmbito econômico, a existência da classe média é uma prova do equívoco de Marx quanto ao desenvolvimento do capitalismo e, mesmo no Brasil, país em que o paternalismo servil, o apadrinhamento e o peso do Estado populista sempre contribuíram para minar a construção de um sistema coadunado com a livre iniciativa e com o mérito, ainda assim foi capaz de aparecer o estrato médio da sociedade, especialmente a partir dos anos 1940/1950. A partir daí, é possível notar tentativas paulatinas da esquerda em promover um aproveitamento político da classe média, sobretudo por meio dos mecanismos de produção cultural, o que passa a tomar grande nitidez por volta da segunda metade dos anos 1970. Quem se puser a assistir ao canal Viva, coligado à Globo, e que reprisa novelas e séries da época, pode procurar perceber o tipo de discurso transmitido por muitos personagens, de modo que os valores tidos como vanguardistas, modernos e progressistas se opõem ao que é visto como resquício do que é preciso eliminar para erigir a tal da justiça social, mistificação criada desde Robespierre para o controle ideológico da máquina pública. Qualquer elemento de moralidade é sumariamente condenado e associado a uma superação dialética que anuncia a marcha do novo homem. Na educação, a doutrinação esquerdista se tornou a realidade didática de professores e livros e, com isso, o aspecto político se transformou no mote da esquerda em relação à classe média, pois no que tange ao econômico, a própria existência desta contradiz Marx. É no seio do aspecto político, negligenciado pelo autor de O capital, que nos dias atuais a esquerda insiste em proclamar a existência da luta de classes. Injetando um sentimento de culpa no próprio membro da classe média, impingindo a ele uma conotação retrógrada, tacanha e um dever de ultrapassar os próprios limites, já não mais compatíveis com as leis da história que a fazem avançar, o sujeito se auto-expurga e se abre à visão de mundo revolucionária.
Em função do alto grau de complexidade que permeia um país multifacetado como o Brasil, ainda existem setores médios refratários à cooptação esquerdista, para os quais o governo nada realiza e que ao mesmo tempo são os alvos prediletos da retaliação e da virulência das Marilenas Chauís e dos Jessés de Souza, pessoas cujo desejo não é outro senão destruir o estrato social que derruba as teses de Marx e que ainda se põe como obstáculo à implantação do totalitarismo comunista. Você vai se deixar levar?

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Classismo esquerdista ou mentalidade ridícula?


Para a grande maioria dos esquerdistas, elementos relacionados à mentalidade e à cultura, de caráter extremamente duradouro e que passam por mudanças de longuíssima duração, portanto muito mais atrelados às permanências, não podem ser assumidos como fatores explicativos de fenômenos sociais sem que estejam isentos de conceitos advindos de Marx. Isso se deve, segundo os mesmos, porque tais fatores não perpassam inteiramente as sociedades de modo a apagar as distinções de fundo econômico. É uma análise no mínimo curiosa, já que a condição de classe nas sociedades modernas, sobretudo em sistemas capitalistas que privilegiam o mérito, a dedicação e o trabalho, é sujeita à mobilidade. Se partirmos dessa premissa, como acreditar que uma dimensão tão instável predomine sobre elementos de natureza muito mais resistente às mudanças?
Dentre as tantas falhas do pensamento de Marx, uma delas é absolutamente gritante, ou seja, a ausência de psicologia, como destacou Edmund Wilson, termo que poderíamos comutar, sem risco de distorção, por mentalidade. Quando o crítico norte-americano lançou essa análise, quis dizer justamente que as ideias, o pensamento e a visão de mundo prevalecem em relação à condição de classe dos sujeitos, ao contrário do que subscrevia Marx. Defensores de posições ideológicas esquerdistas, como Edgard Carone, Emília Viotti da Costa ou Jessé de Souza, todos marxistas, não conseguem enxergar esse entendimento porque só isso já basta para provocar a ruína de seu paradigma, logo, continuam enganando a si mesmos e, o que é bem pior, aos outros.
Ouvi um professor de História e Sociologia afirmar que os professores não conseguem obter melhores salários porque impera entre os mesmos uma "mentalidade pequeno-burguesa". Até quando resolve usar o conceito de mentalidade esse pessoal não escapa do classismo! É correto concluir que, segundo as palavras do dito cujo, a "pequena burguesia" não se empenha devidamente e deseja ganhar dinheiro fácil sem pegar duro no batente. Trata-se do mesmo tipo de ideia disseminada pelo já citado Edgard Carone, o que nos defronta com uma situação paradoxal e até mesmo cômica: para Marx, o fato dos burgueses buscarem ganhos era extremamente positivo e sua crítica estava dirigida contra um sistema que ele julgava contraditório, mas não contra a lucratividade em si. De resto, é assombroso observar que esses pretensos analistas da sociedade não conhecem a obra de Max Weber nem sequer superficialmente, tampouco possuem a mais parca noção de aspectos econômicos e geográficos. É corretíssimo pensar que no Brasil, país de matriz latina e posteriormente miscigenada pelo tempero caliente dos trópicos, o pouco apreço pelo trabalho é um traço sui generis de brasilidade. Mas que burguesia? Que lugar resta para ela em uma nação patrimonialista, servil e estatólatra? Como fazer uso de um conceito classista tão distante da realidade brasileira? Não seria mais lapidar se ater ao elemento mental e cultural, estudado em pormenores reveladores por nomes como Sérgio Buarque de Holanda e José Octávio de Meira Penna?
Há quem dê duro nesse país e, em muitos casos, sem a devida valorização, dentre os quais, professores bem qualificados e comprometidos com educação de qualidade certamente se incluem. Ora, quem trabalha de maneira árdua pode carregar uma mentalidade burguesa, mas não é membro de uma suposta classe burguesa em um país que não valoriza o trabalho, sem que lhes sejam pagos salários justos. E nesse caso, deve-se salientar, trata-se de uma mentalidade que não merece condenação, mas sim louvores. E quanto aos que querem ganhar no mole, grupo do qual também fazem parte um grande número de docentes brasileiros? Se Weber nos serve como referência, sem dúvida não são portadores de mentalidade burguesa e se não ganham salários significativos, não são burgueses de acordo com Marx! Tem-se ainda um detalhe que a mínima observação torna irrefutável: a maior parte dos professores brasileiros é alinhada com ideias de esquerda, portanto, não têm mentalidade "pequeno-burguesa", a não ser que, - e não existe contradição nisso - sejam adeptos do "façam o que eu falo, mas não façam o que eu faço". Poucas coisas são mais manjadas do que o estilo politicamente correto e meramente fachadístico, composto pelo completo desapego material, pela barba desgrenhada e pelo discurso igualitarista. Só que o sujeito mora nas Perdizes, gosta de tomar whisky e quer salários altos, mesmo que não faça jus. Então estamos diante de burgueses enrustidos com mentalidade abertamente anti-burguesa, não porque sejam exemplos que contrariam a prevalência da cultura e da mentalidade sobre o fator econômico, mas porque, na verdade, constituem o típico brasileiro que busca vantagens por meio do jeitinho (Edgard Carone certeiro por vias tortas...). Aqueles que agem desse modo e ainda não pertencem à burguesia enquanto classe social, almejam a tal objetivo ao mesmo tempo que, da boca para fora, vociferam contra aquilo que querem ser. Haja recalque!
E você, reconhece a si próprio em algum destes tipos? Se sim, talvez nem devesse ter lido o artigo, a menos que sinta vergonha da própria condição, então sugiro que passe a tentar um processo interior de libertação. Agora, se você não se enquadra nessas situações trágicas e jocosas, sei exatamente qual é o seu sentimento. Sabemos bem de uma coisa: que mentalidade ridícula essa de esquerda! Rimos ou choramos?